ALLAN DA ROSA
Allan Santos da Rosa nasceu na cidade de São Paulo a 10 de abril de 1976. Criou-se no bairro de Americanópolis, zona sul da cidade. Cursou graduação em História na USP e atua como professor de História da África e do Brasil, além de arte educador em EJA – Educação de Jovens e Adultos. Homem de muitos talentos, trabalha como locutor e rádio documentarista e participa de grupos de dança e capoeira, expressão corporal e musical. Integrou o Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes, o Grupo Cupuaçu – Danças e Tradições Afro-maranhenses e o Grupo de Dança Afro-contemporânea Aluvayê. Na USP, participou do projeto educom.rádio, da Escola de Comunicações e Artes – ECA, e também, do Núcleo de Consciência Negra. Em 2002, ministrou oficinas de capacitação para produção radiofônica em escolas municipais de Ensino Fundamental. Desde então, realiza intenso trabalho na capital e no interior do Estado, em que procura integrar a literatura com a música e com as artes plásticas através de palestras, de cursos, de oficinas e de exposições.
Como agitador cultural, participa de inúmeras atividades de promoção da leitura e da literatura entre jovens e adultos, com ênfase nas comunidades da periferia paulistana. Em 2002, integrou a coordenação da "Semana de Arte e Cultura do Galpão, Jardim João XXIII"; em 2005, participou da organização do Primeiro Encontro de Escritores da Periferia, na Favela do Jardim Colombo e na Ação Educativa/SP; em 2006, organizou o Núcleo de Literatura Periférica do Centro de Juventude e Educação Continuada. Foi também curador da exposição fotográfica "COOPERIFA - a Poesia é nossa cara", junto ao projeto Ação Educativa; e coordenador do curso "Áfricas", realizado no Espaço Senzalinha, no Parque Pirajussara.
No campo da produção literária, criou o selo "Edições Toró", de perfil alternativo, com publicações marcadas por um trabalho artesanal e pela presença de autores jovens, vindos da periferia paulistana, e sem espaço no mercado editorial. Como escritor, incorpora em sua linguagem a tradição da cultura negra e experimenta diversas formas literárias como a prosa, a poesia e o texto dramático. É autor do livro de poemas Vão, de 2005, da peça teatral Da Cabula, lançada em 2006 e vencedora do Prêmio Ruth de Souza, e do volume Morada, lançado em 2007, em que articula um diálogo entre poesia e fotografia.
PUBLICAÇÕES
Obra individual
Vão. São Paulo: Edições Toró, 2005. (poesia). Zagaia. São Paulo: Editora DCL, 2007. (infantojuvenil). Da Cabula. 2.ed. São Paulo: Edições Toró, 2006; São Paulo: Global, 2008 (dramaturgia). Reza de Mãe. São Paulo: Editora Nós, 2016. (contos). Zumbi assombra quem? São Paulo: Editora Nós, 2017 (Infantojuvenil).
Coautoria
Morada. Coautoria com Guma. São Paulo: Edições Toró, 2007 (poesia e fotografia). A calimba e a flauta: versos úmidos e tesos. Coautoria com Priscila Preta. São Paulo: Edições Toró; Capulanos Cia. De Arte, 2012. (poesia em CD). Mukondo lírico – funeral para Zumbi, seus medos e festas. Coautoria com Giovani di Ganzá. São Paulo, 2014. (ópera em CD e libreto, Prêmio Funarte de Arte Negra).
Veja mais em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/506-allan-da-rosa
UM SARAU COOPERIFA - - COLETÂNEA DE POEMAS RECOLHIDOS EM 24.O1.07, VÉSPERA DO ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO, NO SARAU DA COOPERIFA, POETAS DA PERIFERIA DE QUE SE REÚNEM TODAS AS QUARTAS.- São Paulo: Dulcineia Catadora, 2007. 32 p. capa cartão pintado a mão. Ex. bibl. Antonio Miranda
Mandado
Mandado.
Pode crer, Altino,
Quantos te deixaram falando...
no ponto
E já era quase a meia noite.
Te pegaram no estirante
o chicote nada adiantou
Foi mandado.
Quando C parou pra brincar com a molecada
Até lançaram que C devia ser estuprador.
Tá valendo, Altino.
Te dichavam
Mas sentem nojo de teu hálito.
Aí C descolou um tempo
Ficou radiante por um dia
E cansou rápido demais para sentir tédio.
Os poemas C já não pode ler
É uma questão de diploma — dizem os tais
C falou que estava escrevendo, Altino
Teu sobrinho te perguntou por quê
C não soube responder.
E os caras te disseram:
Vai encher laje, meu!
Pode crer, Altino
Algumas vezes C teve a sensação fugidia
de estar coçando a verdade
Mas não conseguiu firmar
se a presença desse espirito
Se desvenda na tonelada agonia
ou na alegria afanada
Então C percebeu que desespero
é um primo da esperança.
Segue, Altinos
Cultivando as tuas olheiras
e a vergonha na cara.
A vergonha que te verga os ombros.
*
VEJA e LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página publicada em outubro de 2022
|